Publicado em: http://www.ctc.ufsc.br
Autor: Tomás Petersen // Nucom
Em setembro, do dia 15 ao dia 18, aconteceu no Rio de Janeiro o evento Rio Oil & Gas Expo and Conference, o maior da América Latina no setor de petróleo e gás natural. A conferência contou com um estande da Agência Nacional de Petróleo (ANP), que apoiou institucionalmente a exposição. A UFSC obteve grande destaque nesse evento: o projeto do Sistema para Robotização da Soldagem Orbital de Dutos, desenvolvido pelo Laboratório de Soldagem (Labsolda), foi o único, dentre todos os projetos patrocinados pela ANP, a ter espaço na exposição.
O Rio Oil & Gas ocorre a cada dois anos, desde 1982. A exposição tem a função de ser uma grande vitrine para as empresas do ramo apresentarem seus projetos, produtos e serviços, além de promover discussões em torno de assuntos relevantes às inovações tecnológicas. Este ano, em 30.000 m² de espaço ocupado, a feira teve 800 expositores, 32.400 visitantes e 26 países envolvidos. Já a conferência possuiu 3.500 delegados e 540 trabalhos técnicos apresentados. Isso prova a importância de um projeto ser selecionado para exposição.
A escolha do projeto do mestrando Renon Steinbach de Carvalho, coordenado pelo Professor Jair Carlos Dutra, em conjunto com o Programa de Recursos Humanos (coordenado pelo Professor Clóvis Maliska), se deu principalmente por ele já se encontrar em fase de protótipo operacional. O sistema, batizado de Tartílope V4, tem como principal característica a flexibilidade de efetuar distintas operações de soldagem. Essa função se torna fundamental no cenário petrolífero nacional, que possui muitas carências. Por isso houve interesse da ANP em ter Carvalho como bolsista de mestrado (desde junho de 2007).
Além de possuir um alto custo, devido ao aluguel de equipamentos (o Brasil carece de tecnologias próprias), o processo de montagem das linhas dutoviárias de petróleo nacionais demandam também um grande tempo de construção. O processo de soldagem dos dutos, feito de forma manual, é um uma etapa que colabora com esse fator. Outro grande problema do setor é a qualidade do petróleo brasileiro, que possui altos teores de substâncias corrosivas. Esse desgaste é mais evidente em torres de processamento de óleo pesado. A alternativa para isso é revestir os dutos com aço inoxidável, operação que demanda bastante soldagem também. Desta forma, otimizações nestas operações se tornam muito atrativas para as empresas contratantes e executoras de serviços.
A criação de uma tecnologia para automatizar esses processos de soldagem significa uma diminuição no tempo da obra, que está diretamente relacionado com os custos (aluguel de equipamentos). A operação de soldagem, feita de forma remota, com uma interface simples, proporcionará também melhores condições de trabalho para os soldadores, pois os ambientes em questão geralmente são insalubres.
Os benefícios não se restringem somente ao setor petrolífero – além de diminuir a dependência de tecnologias importadas, esse projeto também poderá no futuro servir como base para outras pesquisas, tanto no que se refere a novos processos de soldagem, como a novos métodos de automação. Por não se tratar de um equipamento comercial, não há limitações quanto a alterações e adaptações desse sistema: o Tartílope V4 não é um dispositivo dedicado a uma única tarefa.