A P33 é do tipo FPSO, situa-se em águas profundas (700m) e a aproximadamente 120 km de distância da costa. Por indicação do CENPES/PETROBRÁS, o LABSOLDA foi acionado para proceder a monitoração do aporte de energia provocado pela soldagem no reparo de trincas do turret desta plataforma.
O aporte de energia, ou aporte térmico, é calculado em função da energia de soldagem e comprimento do cordão, de acordo com a seguinte fórmula:
A energia do cordão é calculada através da integral no tempo dos valores instantâneos da potência (P) do arco, sendo que , onde U = Tensão e I = Corrente. Então:
Na prática os sinais de tensão e corrente são medidos e armazenados a cada 0,25ms, e no final é feito um somatório dos valores pontuais de energia.
Ao final da solda é informado ao sistema o comprimento (L) do cordão e assim, o software calcula e mostra o aporte térmico.
Para realizar o serviço, os técnicos do LABSOLDA Alexandre Blum Weingartner e Fabiano Nantes Serenza foram para a P33. Mas para poderem embarcá-la, eles realizaram um curso de salvatagem, prevenção de acidentes e combate à incêndio. Foi lecionado o procedimento de abandono da plataforma, técnicas de sobrevivência em alto-mar, o uso dos botes salva-vidas e baleeiras bem como mangueiras e extintores de incêndio com duração de 16 horas em dois dias de curso.
O serviço realizado na P33 foi o reparo de trincas do turret, espécie de âncora da plataforma localizado na proa do navio. Apesar de haver muitas trincas, foram reparadas apenas as que poderiam comprometer a estrutura.
O SAP-1, sistema de aquisição de dados, é um equipamento capaz de medir e armazenar os valores de tensão, corrente, vazão de gás e velocidade de arame a partir de transdutores, unidade de tratamento de sinal e um microcomputador (laptop).
Após o procedimento de examinação do local das trincas e abertura do mesmo, seguiu-se com o preenchimento de eletrodo revestido, onde o SAP-1 monitorou as grandezas de soldagem.
O SAP-1 foi escolhido para fazer parte deste trabalho porque o seu software apresenta na tela no notebook os valores de tensão, corrente, potência e tempo do arco aberto instantaneamente. Assim que entramos com o valor do tamanho do cordão, o software calcula e mostra o aporte térmico.
Conhecer o valor do aporte térmico a cada cordão realizado é de fundamental importância para validar o procedimento de soldagem, garantindo as propriedades mecânicas da peça reparada. O serviço durou oito dias com dois grupos especializados na área trabalhando 24h por dia. Quatro trincas foram reparadas no turret. Entre os reparos, o mais extenso foi de 80 cm (foto ao lado) e o mais profundo foi de 42 mm.
O pessoal envolvido esteve atento ao movimento da plataforma, pois a região onde foram realizadas as soldas é fixa (turret) e a plataforma, onde o pessoal se concentrava juntamente com as fontes de soldagem, tem liberdade de 360o para a movimentação conforme a direção das correntezas. Havia um navio rebocador à disposição que alinhava a plataforma conforme o inspetor de solda ordenava, no intuito de facilitar o posicionamento do soldador e dos cabos das fontes de soldagem.
Houve alguns contratempos, como substituição de um dos transdutores e interferência eletromagnética no sensor de efeito hall (transdutor da corrente) que, até então era desconhecido, causada pelo rádio usado na comunicação da equipe na área. Contudo, o resultado foi satisfatório devido à automatização do processo de medição das variáveis da soldagem.